Não sei se sentiste saudades minhas, não sei se tiveste medo de me perder, não sei se te apercebeste que eu era um pilar na tua vida e que nunca iria deixar de ser. Mas a verdade, é que, meteste o orgulho de lado e decidiste vir falar comigo, como duas pessoas extremamente normais, numa conversa calma e tranquila. Confesso que, não estava à espera dessa atitude da tua parte. Confesso que me surpreendeste ao fazê-lo. A minha vida é muito monótona quando há uma ausência da tua presença. É verdade que sinto saudades tuas, da pessoa sincera que eras, da pessoa que estava sempre disposta a ouvir-me, da pessoa que me fazia depender dela para viver, da pessoa que sorria para mim quando me abraçava, da pessoa que me fazia tremer, da pessoa que fazia o meu mundo ter outra cor, da pessoa que me fazia sorrir sem explicação aparente, não vou negar. Tu foste o meu tudo, mas na maioria das vezes, só damos valor quando perdemos alguém e tu, quase que me perdeste, embora grande parte de mim, quisesse permanecer do teu lado, em qualquer circunstância. Os nossos dois anos estiveram por um fio, estive mesmo para desistir de nós. Mas ao fazê-lo, estava a abdicar de tudo o que vivi contigo, de tudo o que aprendi, de tudo o que cheguei a recuperar. E era um grande erro meu, se fosse capaz de o fazer. Não fui, como é evidente. Hoje, apercebi-me que falar de sentimentos, para ti, continuava a ser uma coisa demasiado frágil, principalmente, falar de amor. Apercebi-me que embora tivesses muitas dúvidas dentro dessa cabeça, sabias o que querias e tinhas determinação para decidir o que de facto, era melhor para ti. Já te conheço à algum tempo, tempo suficiente para saber que tu nunca foste capaz de demonstrar os teus sentimentos, sempre tentaste ser forte para conseguires escondê-los, mas nem sempre conseguiste. Não sei porque é que insistes tanto em tentar ocultá-los, mas talvez seja por medo de seres magoada, ou qualquer outro tipo de receio, talvez por insegurança. Eu compreendo que te estejas a proteger a ti própria ao esconderes o que sentes das pessoas, mas isso não é bom, porque ao mesmo tempo, és obrigada a guardar tudo para ti e a suportar tudo o que sentes, e acabas por sufocar-te com tantas dúvidas e com tanta mistura de sentimentos. De qualquer das maneiras, eu vou continuar a ouvir-te, a dizer-te as palavras que na minha opinião mereces ouvir. Vou continuar a confiar em ti, embora seja de forma diferente. Vou continuar a partilhar contigo aquilo que achar que deves saber. Mas, jamais, irei conseguir confiar totalmente em ti, e acho que sabes porquê. Eu tenho noção que já nada vai voltar a ser como à alguns meses atrás, e isso deixa-me de rastos. Deixa-me destroçada porque sei que a culpa de neste momento estarmos como estamos, também é minha. Podíamos ter evitado todas estas situações, mas não o fizémos. Preferimos continuar a magoar-mo-nos uma à outra, como se fossemos de lados opostos. Eu sei que daqui a alguns dias vamos voltar a estar de costas voltadas uma para a outra, sei que vamos discutir e dizer tudo e mais alguma coisa, mas sei também que, depois disso, vamos voltar a falar e vamos voltar a confiar e a desabafar uma com a outra, como se não tivesse acontecido nada. Nós somos mesmo assim. Já me habituei a isso. Era bom que desta vez fosse diferente, mas já perdi a conta ás vezes que disse isto e que nada mudou. Já perdi as esperanças de que o nosso futuro poderia ser bem melhor, com algum esforço da nossa parte. A confiança, uma vez perdida, já não volta a ser como antes. As palavras ditas, já não se podem apagar. As atitudes cometidas, já não se podem voltar a mudar. É pena, de facto. Queres um conselho? pensa antes de falar, pensa antes de dizer seja o que for, pensa no que a pessoa vai sentir ao ouvir certas e determinadas coisas, vindas de ti. Obrigada pelo nosso passado que, por momentos, chegou a ser perfeito. Obrigada por conseguires-me animar, em determinadas alturas. Tens um canto especial no meu coração, e eu, nunca te vou conseguir arrancar de lá.

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