A noite já ía longa. Corri para a janela e abri-a, como se tivesse pressa de encontrar algo ou alguém. Reparei que o céu estava limpo e embora escuro, não impedia que estivesse repleto de estrelas. Reparei também que, não se encontrava ninguém na rua. As luzes estavam apagadas e o único som que existia, era do vento a bater nas folhas caídas no chão. Aparentemente, tudo estava calmo. Voltei a fechar a janela. Sentei-me na cama e respirei fundo. De seguida, cobri o meu corpo com uma manta e deitei-me sobre as minhas três almofadas. Fiquei durante longos minutos a olhar para a escuridão, até que por breves momentos, o meu pensamento focou-se somente em ti. Nos teus sorrisos, nas tuas facetas, na tua voz. Lembrei-me de tudo, completamente. Não tem explicação. Insisti em tentar descobrir algumas respostas e alguns dos motivos que nos levaram a estar separados neste preciso momento, mas não encontrei. Não adiantou estar ali a arranjar forças para conseguir ter-te de volta, porque, grande parte de mim, disse-me que isso já não ia acontecer, e disse-me também, que o fim que eu tanto recusava ver, estava a chegar. Deixei que o tempo se encarregasse de dar rumo à minha vida e torná-la minimamente melhor. Eu sentia a tua falta, tinha saudades tuas, é verdade. Mas por agora, eu ainda era capaz de controlar essas saudades e essa mágoa que deixaste dentro de mim. Gostei de saber que me admiras, depois de tudo. Gostei de sentir uma pequena atenção da tua parte. Gostei de saber que, por meros segundos, tu pensaste em mim e isso, reconforta-me. Eu sabia que tu, lá bem no fundo, não eras quem pensavas ser. Eu conhecia-te para sentir isso. Tu sentias, mas não demonstravas. Eu, ainda hoje, sei aquilo que te passa pela cabeça. Ainda sei de cor todos os teus passos e vagamente todas as tuas falas. Já não te sinto do meu lado, mas continuo a sentir-te dentro de mim. Extraordinário não é? conheço-te como a palma da minha mão, por muito que insistas em dizer o contrário. Abriste uma grande ferida no meu coração, mas lembra-te, todas as feridas saram. Todas as tristezas são passageiras. Basta ter força para superar tudo isso. Tenho esperanças que daqui a alguns meses, eu já não me lembre de ti, desta forma. Tenho esperanças que daqui a alguns meses, o teu nome seja só mais um nome vulgar, como todos os outros. Até lá, eu vou continuar a lutar contra mim mesma e contra as minhas vontades. E vou tentar, não me arrepender das decisões que me faltam tomar. Cansada da mesma rotina, fechei os olhos e adormeci.

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